Dalila e Vasco - Uma região num só espaço
- Rui Paixão
- 24 de out. de 2022
- 4 min de leitura
A vontade de Dalila Matos e Vasco Serra criarem o C.A.T'Espero surgiu de uma forma bastante inesperada. Com bastante trabalho e amor, este casal luta todos os dias para que todas as pessoas possam ter à sua disposição, um leque de produtos da região, concentrados num só espaço.

A vossa vida sempre passou pelo Alentejo ou existiu algo que vos fez querer descobrir um pouco com Alentejo?
Dalila: No meu caso, a minha vida sempre passou pelo Alentejo. Não nasci cá, mas vim para Reguengos de Monsaraz com nove anos.
Vasco: No meu caso, eu nasci nesta bonita terra. Ao fim de uns anos acabei por sair, mas a minha vontade de regressar tornou-se grande, levando-me a voltar ao lugar de onde parti.
Estamos agora neste espaço que iremos mencionar posteriormente, mas sei que muitos anos estão para trás.
Sei que a Dalila tirou uma licenciatura em Turismo na Universidade de Évora e o Vasco estou Violoncelo na Escola Profissional de Música de Évora. Como foi o vosso percurso académico nessa altura?
Dalila: O meu percurso foi diferente, pois na altura era trabalhadora-estudante e parecendo que não, a minha vida enquanto estudante era completamente diferente do que se eu estivesse apenas a estudar. Por isso, foi um bom percurso, mas diferente em certa parte.
Vasco: No meu caso, foi super normal. Estive também a estudar em Lisboa, mas enquanto trabalhador-estudante. Entretanto acabei por receber um convite para trabalhar, levando-me a não concluir a licenciatura e assim ficar com aquilo a que chamamos bacharelato.
Quando a Dalila terminou a licenciatura, já estava a trabalhar na área?
Dalila: Sim. Na altura estava a trabalhar já na área. Fazia provas de vinho, visitas guiadas, etc... Estive 20 anos na Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz.

No caso do Vasco, passou pelo município de Alandroal, Herdade do Esporão e pela Marmoris Hotel. Como foi essa passagem por estes espaços?
Vasco: Esta passagem ocorreu perfeitamente em todos os locais por onde passei. Estive a lecionar música nos agrupamentos deste município, não conseguindo ter colocação no ano letivo seguinte. Posteriormente estive na Herdade do Esporão, onde me formei na parte de vinhos. Em 2018, recebi uma nova proposta para colaborar no Marmoris Hotel, onde fui desafiado a criar uma carta de vinhos e ter todo um trabalho nessa área.
E no caso da Dalila?
Dalila: Comecei por trabalhar numa loja em Monsaraz. Fazia posto de vendas, onde estive oito anos. Posteriormente, estive quatro anos no departamento de exportações, reclamações, entre outros locais. A par disto estive sempre ativa no que diz respeito às provas de vinho e às visitas guiadas.
Assim sendo, posso afirmar que estive sempre ligada àquilo que estudei, deixando-me sem dúvida, orgulhosa.
Se passarmos alguns anos à frente e chegarmos a 2020, percebemos que este foi um ano bastante difícil para a Humanidade, mas ainda mais para vós. Como surgiu esta ideia de criarem o C.A.T.'Espero?
Dalila: A ideia de criar este espaço não tem muita história. Surgiu na sequência de eu querer mudar um pouco aquilo que eu fazia, mas também se seguiu após conversas com o Vasco.
Este espaço esteve a concurso, mas ninguém concorria. Até que nós tomámos essa iniciativa. Quem é de aventuras e não tem medo, acaba por avançar.
E esta ideia de avançar surgiu em setembro. O concurso terminava em outubro e posteriormente abrimos ao público em dezembro.
O que é certo é que este espaço abriu sempre com vista nas pessoas da terra, mas também nos turistas.

Como é que surgiu o nome?
Vasco: Surgiu de uma forma natural mesmo. Este espaço sempre foi conhecido por Café Central. Alterar o nome do mesmo, seria mesmo muito dificil, mas não impossível. Até porque este foi alterado, visto que até o tipo de negócio seria outro. (risos)
Nós queríamos criar algo ligado ao Alentejo.
Tanto que um dia decidimos ir até à praia fluvial de Monsaraz. Inicialmente tínhamos em ideia de que seria algo que incluísse as iniciais C.A.T. (Centro de Acolhimento Turistico). Até que de repente me veio à cabeça que C.A.T.'Espero seria o nome ideal para este projeto.
Tanto que este nome acaba por ser uma expressão bastante usada no nosso Alentejo.
E qual o sentimento e a sensação que vive dentro de vocês, ao saberem que estão a ocupar um lugar com tanta história?
Vasco: É muito dificil definir. Porque nós apenas pegámos no espaço e com a ajuda da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, conseguimos erguer este espaço. Eles ajudaram-nos nesta parte da planta e das obras. Nós apenas ficámos responsáveis pela decoração e consequente ocupação do mesmo espaço.
Dalila: Contudo, há pessoas que gostam de ver este espaço pela nova dinâmica que apresenta, mas também existem pessoas que em certa parte, não gostaram daquilo que foi feito. Porque para elas isto deixou de ser o histórico café central.

O que é que este espaço tem para oferecer a quem vos visita?
Vasco: Basicamente eu referencio a nossa loja como uma montra de produtos de Reguengos. O objetivo é dar a conhecer as pequenas e grandes empresas nos vários setores e dinamizar este espaço de loja, oferecendo aos turistas, todos os produtos que temos no concelho. Desde o queijo, ao vinho, ao presunto, à chouriça, ao artesanato, as olarias, etc.
Na parte do restaurante, transportamos tudo o que está na loja para a mesa.
À parte disso, oferecemos uma carta sazonal de pratos também eles sazonais e típicos da região. Para complementar, temos uma prova de vinhos que poderá então realizar durante a sua refeição.
Quem vos quiser visitar, onde pode encontrar vos?
Dalila: Quem nos quiser visitar fisicamente, poderá encontrar-nos na Praça da Liberdade, nº7.
Poderão também contactar-nos através do 924 467 408, do nosso endereço eletrónico: c.a.t.espero77@gmail.com ou também através das nossas redes sociais: Facebook (clique aqui para aceder) ou Instagram (clique aqui para aceder)
Se cada um de vós tivesse de definir o Alentejo numa palavra, qual seria?
Dalila: Imensidão. O Alentejo por si só é grande. O facto de sermos uma região tão grande, traz consigo muitas pessoas com vontade de conhecer esta zona.
Embora não haja grandes oportunidades de trabalho, existe uma vontade muitas vezes de ficar.
Vasco: Para mim, eu defino-o em riqueza. Não só cultural, mas também no que diz respeito ao tempo. Quem vive nas grandes cidades e chega aqui, percebem que existe muito tempo, associado também à qualidade de vida.
Dalila: E isso faz com que as pessoas muitas vezes acabem por voltar.
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