Elsa Lourinho - De geração em geração
- Rui Paixão
- 17 de out. de 2022
- 3 min de leitura
A loja do Armando traz consigo uma história que remonta até 1886. A passagem de gerações levou a que nos dias de hoje, esta loja chegasse às mãos de Elsa Lourinho. Aqui, emprega grande parte do seu dia, tentando sempre trabalhar da mesma forma que o seu pai trabalhou.

Como tem sido a história do loja do Armando até aos dias de hoje?
Esta loja era das famílias Franco, na qual o meu pai esteve sempre a trabalhar desde os seus 11 anos. Posteriormente, ao fim de permanecer 25 anos nesta loja, foi-lhe atribuída a gerência da mesma, mantendo sempre os empregados que tinham até então.
Ao fim de 15 anos, foi sugerida que a loja sob a qual o meu pai era gerente, fosse gerida enquanto proprietário, nascendo então a Loja do Armando.
Há dois anos, mais precisamente em abril, o meu pai teve covid e aí sim surgiu a ideia de que eu poderia dar continuidade ao negócio do meu pai. Eu na altura trabalhava na Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz, onde acabei por sair ao fim de 32 anos, para poder tomar conta da loja.
Ao ocupar o lugar do seu pai, porque não alterou o nome da loja?
É para muitos já uma referência e não faz qualquer sentido alterar o nome. É manter um legado de muitos anos e que assim irá continuar durante muitos mais.
Eu chego a receber mensagens de várias pessoas de outras zonas do país, a perguntarem-me se estão mesmo a falar com o senhor Armando. Ou seja, só isto, já faz com que não me faça sentido alterar o mesmo.
Foi fácil o facto de ter de ocupar um lugar que o seu pai ocupou durante muitos anos?
Foi fácil, porque a loja estava feita. Os clientes eram os habituais. Aliás, nós temos aqui clientes que visitam a nossa loja desde os seis anos de idade e que agora têm 70!
Não precisei de fazer nada de novo para que as pessoas viessem ter comigo. Foi só mesmo o mudar de posição. Deixar de ser o meu pai a dar a cara pela loja e passar a ser eu.
Contudo, o meu pai ainda passa aqui grande parte dos seus dias. Ele adora mesmo estar aqui. Nem que seja para dobrar fazenda, enrolar rendas, elásticos, etc...

A pandemia invadiu-nos traiçoeiramente. Como foram vividos os dias neste espaço para si, enquanto atual proprietária?
Eu apanhei já a loja depois da pandemia. Foi quando começaram as lojas ao público começaram a reabrir. Mas para o meu pai foi muito mau, visto que acabou por perder muito.
Mas felizmente conseguiu-se sobreviver à pandemia.
Cada vez mais o online tende a "roubar" clientes a espaços como o seu. Essa tendência verifica-se no seu caso ou não?
Não notamos muita diferença, se quer que lhe seja sincera. Aqui há coisas que são necessárias experimentar. Tanto langeries, calças, pijamas. Nós até damos a possibilidade da pessoa levar para casa e experimentar.
Tenho clientes de Évora em que lá não lhes é permitido fazer isso. Por isso acabam por vir à loja do Armando e percebem que aqui é possível experimentar quando quiserem.
Assim, conseguimos ganhar muito mais clientes e torna-se muito mais fácil.
Quem vos quiser encontrar, onde poderá fazê-lo?
Estamos no facebook (clique aqui para abrir). É só deixar um gosto e seguir a nossa página
Caso nos queiram encontrar na loja física, estamos no Largo da República, junto à Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão. Se perguntarem a qualquer reguenguense, ele saber-vos-à dizer onde é!

Como espera que seja o futuro para a sua loja?
Eu penso que as pessoas precisam daquilo que nós aqui temos. Se o futuro vier muito complicado, nós temos de nos ajustar e comercializar coisas mais baratas. Apesar de ser algo que eu não queria. Prefiro ter qualidade, a preços mais elevados. Mas nós não sabemos o que vem aí. É esperar para ver.
Costumam ter muitas pessoas vindas de outras localidades e países?
Claro que sim! Ontem estiveram cá pessoas de Vila Nova de Gaia. Que vêm de turismo. Umas porque se esquecem de cuecas, outras porque não trouxeram meias. Há até quem venha mesmo só para comprar uma boina alentejana.
Se tivesse de definir o Alentejo numa palavra, qual seria?
Tranquilidade. Porque toda a gente aqui chega e vê a paz em que nós vivemos. Vêm este sossego e percebe-se que aqui, somos felizes.
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