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Duarte Leal da Costa - A paixão pelos vinhos

  • Foto do escritor: Rui Paixão
    Rui Paixão
  • 1 de ago. de 2022
  • 5 min de leitura

Numa altura em que a Ervideira anuncia uma faturação na ordem dos 1,2 milhões de euros no primeiro semestre, decidi visitar a mesma e perceber como é trabalhar nesta empresa com grande sucesso nacional.


Duarte Leal da Costa - Ervideira ©Rui Paixão


Como nasceu a Ervideira?


A Ervideira é uma empresa familiar que já remonta a várias gerações.

O meu bisavô começou a produzir vinhos porque fazia parte da alimentação dos trabalhadores. Nesse sentido, o senhor precisava de segurar mão-de-obra nas diversas propriedades e assim, uma das suas principais missões, era ter os seus trabalhadores alimentados.

Era importante para ele que todos os trabalhadores tivessem direito a pelo menos três refeições: o almoço às cinco da manhã, a "janta" às onze da manhã e a ceia às cinco da tarde. Com isto, o senhor conseguia ter, todos os dias do ano (incluindo feriados), os seus trabalhadores alimentados antes, a meio e no final do trabalho. Isto fazia com que as pessoas ao estarem bem alimentadas, gostassem de trabalhar no local em questão.

O vinho faz parte da nossa cultura portuguesa, no que diz respeito à alimentação. Hoje em dia, vimos um indivíduo a beber um vinho numa esplanada e conseguimos rapidamente perceber que é estrangeiro. Já os portugueses, culturalmente, utilizam o vinho para acompanhar uma refeição.

Daí que os vinhos nascem em 1880, numa filosofia de alimentação dos trabalhadores da empresa. Por isso, quando a Ervideira era uma empresa que em termos de vinhos vivia mais internamente, eu decidi agarrar neste espaço e quis transformá-la para que esta fosse competitiva no mercado.


Quem é o Eng. Duarte Leal da Costa?


O Duarte Leal da Costa é um mero trabalhador desta empresa e que gosta muito de trabalhar. Dedico mesmo muito tempo ao meu trabalho.

Assim sendo, sou um "peão" de trabalho como todos os outros, na qual fui responsável por colocar uma mentalidade completamente diferente. Não uma mentalidade de chefes, sub-chefes e diretores, mas sim uma situação circular onde existe o Duarte, o Nelson, a Sónia, a Marta, a Cláudia e onde há cada trabalhador do campo que aqui, é conhecido pelo seu primeiro nome. Por isso aqui somos todos fundamentais, em que cada um tem uma responsabilidade diferente.

Quem é o Duarte? É o Duarte. Ponto. Não é nada mais do que o Duarte. Aqui, sou um trabalhador como todos os outros e que faz grande falta à empresa. No entanto, se alguma coisa acontecer que impossibilite o Duarte de estar mais na empresa, ela tem de saber rodar, sem a minha presença.


Ervideira Winelounge - Enoturismo ©Rui Paixão


Se nos reportarmos aos vinhos, existe maior comercialização externamente ou o mercado nacional é para vós mais atrativo?


Eu gosto muito do mercado nacional. Culturalmente, os portugueses conhecem os vinhos nacionais e por isso, sabem o que é o vinho do Tejo, de Lisboa, da Bairrada, do Dão, do Douro, do Alentejo, etc. Por isso o consumidor nacional é um apreciador de vinhos, que aprecia as regiões e sabe provar uma coisa e identificá-la. Possivelmente não sabe expressar-se sobre aquilo que sente, mas sabe e gosta daquilo que sente.

E por isso, o mercado português é sem dúvida o melhor mercado. Ponto.



Como é que surgiu a ideia de terem um vinho a ser colocado no fundo da água, para posteriormente ser consumido?


Não existe nesta empresa, um único vinho que não tenha uma história. Todos os vinhos, para sempre produzidos, foram pensados previamente. A família "Terras d'Ervideira", é uma família de vinhos que procura ser de uma categoria muito boa e para um consumo frequente. Por ser uma grande família, decidimos produzir grandes vinhos, para quem gosta de grandes vinhos no seu dia-a-dia.

A família "Conde d'Ervideira", é uma homenagem aos nossos antepassados e encaixa-se aí toda a categoria de vinhos premium e super premium da empresa.

O "Vinho de Água", pertencente à família anteriormente referida, surge na sequência de conversas relativas a acidentes de barcos, onde existem muitas histórias sobre os vinhos que são retirados dos naufrágios e que vêm diferentes. Eu nunca digo, nem melhores e nem piores. Digo que são diferentes.

Nesse sentido, decidi fazer um teste e experimentar submeter um vinho a estagiar debaixo de água. Hoje em dia temos 30 mil garrafas debaixo de água, entre tintos, brancos e espumantes.

Existe depois também nessa categoria o Invisível, que foi pensado para ser diferente de um tinto, de um branco e vem na sequência de uns blanc and noir que existem na Alsácia-Lorena, que é uma região que apanha França, Alemanha e Suíça.

Temos também outra categoria que é a "Escolha do Enólogo". Estes são lançamentos esporádicos, que em cada ano poderá haver um branco, ou um tinto, ou até mesmo um rose, com quantidades mas limitadas.


Sei que a vossa empresa sofreu bastante com a entrada da pandemia em Portugal. Como foi viver esses duros dias e como é que recuperaram?


Estamos a falar da pandemia da covid-19. Todos nós bloqueámos e estupidificamos. Não tenho dúvidas acerca disso, tanto que quando digo todos, são mesmo todas as pessoas. Tanto os políticos, como a direção Geral de Saude, assim como a população em geral.

Ninguém sabia o que haveria de fazer, e numa empresa em que 100% dos seus clientes fecha as portas na comercialização de produtos, também nós somos obrigados a fechar. Por isso tivemos de nos reinventar. Foi uma semana de luto, no sentido em que não sabíamos o que haveríamos de fazer, mas também ganhámos uma certeza: de que o sol nasce todos os dias, para todos e a vida tem de continuar.

Apostámos bastante na loja online e na produção de álcool em gel. Hoje em dia, estes já são dois fatores que não me dão grande preocupação. O meu interesse agora é em saber da Ervideira tal e qual como ela era.



Engenheiro Duarte Leal da Costa ©Rui Paixão

Estamos a chegar à época das vindimas. Como espera que ocorram as mesmas?


Não consigo prever como irão ocorrer as mesmas, mas existe uma grande vontade que tudo ocorra da melhor maneira. No final de setembro, já me é possível apresentar-lhe dados mais sólidos.


O que é que a Ervideira tem para oferecer a quem lê esta entrevista?


A Ervideira tem uma coisa bastante caraterística. Fazemos o nosso trabalho totalmente diferente daquilo que os outros fazem. Não somos mais um no mercado e por isso, quem vem visitar o nosso enoturismo, comprova isso mesmo.

A nossa visita e prova de enoturismo não tem nada relacionado com as outras que existem no mercado.

O que é que a Ervideira tem para oferecer em matéria de vinhos para o mercado? Os vinhos em si. Temos a "Escolha do Enólogo", o "Invisivel", os "Vinhos de Água", entre outros. Estes são vinhos que mais ninguém tem e que nós somos de facto únicos no mundo. Mas quando somos únicos, só o somos à partida. Isto porque os outros vão aprender connosco.

Continuamos sempre a fazer o nosso trabalho único, sem copias e com muito gozo em fazer. Este trabalho, leva-nos já a preparar uma vindima que seja diferente.

Por isso, quem nos visita, pode dizer que a nossa empresa é diferente.E é isso que nós queremos fazer. Para quem nos visita apenas tenho a dizer: atrevam-se, provem os nossos vinhos e vão ver que somos culturalmente, desde a plantação da vinha até à comercialização, diferentes.


Como é que vê a Ervideira daqui para a frente?


Muito bem. Sou um homem bastante positivo, que vai procurando conhecer o mercado e as envolventes de todo o setor.

Eu adquiri a Ervideira em 2017 e em 2019 e desde aí até 2029, estamos numa fase de sucessão de gerações e por isso como é que eu vejo? Vejo que estamos a trabalhar focados, com previsões, com foco no mercado e por isso, não gostamos muito de surpresas, estando assim já a trabalhar para lá de 2029.

Vejo aqui um futuro sorridente, mas com bastante trabalho.


Se tivesse de definir o Alentejo numa palavra, qual seria?


Para mim o Alentejo é um lugar autêntico. É algo verdadeiramente forte, especial, característico, com um clima especial, com uma cultura de um povo e de uma linguistica completamente diferentes. Daí eu afirmar que este é um lugar autêntico.




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