top of page

João Ferreira - Da rádio para o coração dos alentejanos

  • Foto do escritor: Rui Paixão
    Rui Paixão
  • 25 de jul. de 2022
  • 5 min de leitura

Com um longo percurso profissional, João Ferreira é atualmente uma das vozes mais conhecidas na região de Reguengos de Monsaraz. A mais de 60 quilómetros de casa, o radialista de 42 anos acorda todos os dias para entrar na vida daqueles que muitas vezes estão sós e mais precisam de companhia. Mas nem sempre foi assim.


Porquê a rádio e como é que surgiu esta vontade de fazer rádio?


A rádio surge muito cedo na minha vida. Por volta dos meus seis anos, já colocava música a tocar no gira-discos da minha mãe. Naquela altura ouvia Roberto Carlos, Marco Paulo, entre outros.

É a partir daí que surge a ideia de começar a brincar à rádio em casa, me leva a integrar um clube de rádio da escola e a enviar uma proposta para uma rádio local.

Naquela altura tinha 16 anos de idade, quando encontrei um anúncio no jornal onde pediam colaboradores para uma rádio em Évora. Concorri e passado alguns dias chamaram-me para eu ir até aos estúdios.

Lá está, eu acho que não poderia ter outra profissão senão esta. Isto porque sinto que já nasceu comigo este gosto pela rádio, por isso não fazia sentido passar por ter outra profissão. A vontade de comunicar com os outros, de fazer companhia, de colocar música a passar, sempre estiveram bastante presentes na minha vida. Eu acho que isto já nasceu comigo.

Aliás, se eu não fosse radialista, teria de estar ligado à rádio, nem que fosse como colaborador da mesma.


Como é que chegou até à Unirádio?


Até à Unirádio fica já um longo percurso. Porque em 26 anos acontece muita coisa.

Passei pela Telefonia do Alentejo (pertencente ao grupo Diário do Sul), Nova Alentejo (atual Antena do Sul), em Évora e pela posterior Antena Sul (aquando da mudança de Nova Alentejo, para Antena do Sul)

Já em Montemor-o-Novo, passei pela Nova Antena.

Chego então à Unirádio a partir da procura que esta rádio tinha por um radialista. Quem me contactou inicialmente foi o Rui Lopes, uma voz que todos aqui conhecem. Aceitei o convite e já cá estou desde 2015, bastante feliz, claro.

Fora deste meu percurso de rádio, tive a oportunidade de gravar também de forma independente, um programa a nível nacional, chamado "Ao Cante da Lua" e que passou em muitas rádios do país.




Porquê o Alentejo e não outra zona do país, para exercer esta profissão?


Eu para já sou muito agarrado ao Alentejo e também aos que estão à minha volta. Poderia evidentemente ter escolhido outra zona do país para trabalhar, mas decidi manter-me na minha terra e a fazer o que mais gosto. É aqui que eu me sinto bem, que sou bem tratado e portanto é aqui que eu irei continuar a fazer o que mais gosto.


Infelizmente, a pandemia veio com toda a certeza afetar a rádio, assim com outros setores. Como foi fazer rádio nessa altura?


Para já, fazer rádio em casa é sempre estranho. Isto porque ainda estive por volta de um mês a trabalhar em casa.

Mas acho que teve uma particularidade especial. Nós nessa altura, para além de fazermos o trabalho habitual de rádio, eu considero que fui muitas vezes psicólogo ao telefone com alguns ouvintes. Tentei sempre acalmá-los de pensamentos mais negativos. Porque lá está, a distancia entre as pessoas e o facto de não se saber o que aí vinha, deixava as pessoas com uma ansiedade tremenda.

Foi portanto algo especial que eu também vivi e que nunca ninguém tinha vivido, sendo também um momento especial para a rádio.

Sinto que foi entregue a todos os locutores de rádio, um papel muito fundamental de companhia, visto que as pessoas não se podiam ver fisicamente.



Se tivesse de descrever a Unirádio, o que diria acerca da mesma?


É uma rádio especial, onde me sinto bem, onde tenho uma liberdade total para criar, para apresentar aos meus ouvintes aquilo que me passa pela cabeça.

Apesar de ser uma rádio local, mais pequena em que comparação com outras onde já estive, é uma rádio que me soube acolher bem até aos dias de hoje.

É uma rádio que tenta fazer o seu trabalho no dia-a-dia, levando o melhor que sabe, àqueles que nos escutam, apesar dos poucos recursos humanos que temos, tentamos fazer o nosso melhor.

E portanto é uma rádio onde eu penso ficar durante os próximos anos.


Sei que o João nem sempre esteve ligado à rádio, mas sim ligado à música, enquanto cantor. Esta vai ser uma opção à qual considera voltar, ou não?


A minha vertente de cantor nasce a partir da vertente da escrita. Eu sempre gostei muito de escrever. Tenho muitas letras escritas, assim como um blogue, inclusive (clique aqui para aceder ao blogue). Não digo que isto não vivesse comigo desde muito cedo. Cantava por brincadeira e sei que não sou um cantor profissional e nem tenho uma voz extraordinária para poder interpretar canções.

Tenho noção das minhas limitações, mas essa vertente das canções, nasce a partir da escrita.

Senti a uma determinada altura da minha vida, a necessidade de em palco cantar aquilo que escrevia.

Com o nascimento dos meus filhos, isso ficou um pouco de lado. Tive de me dedicar um pouco mais à família. Tive de deixar de lado os palcos, porque envolvia viagens longas. Mas não digo que não tenho saudades ou que nunca mais vou voltar, mas para já é uma situação que está em pausa.



Para quem não está habituado a ouvir esta rádio e em especial a ouvir o João Ferreira, o que é que pode esperar do João, ao ouvi-lo em antena?


Eu acho que só os ouvintes é que poderiam responder a essa questão. O que é que eu lhes transmito a partir de um simples microfone e de um estúdio onde não está mais ninguém?

Deste lado, o que eu tento oferecer é o meu profissionalismo. É o melhor que eu aprendi e sei fazer. Tento passar alguma boa disposição. Obviamente que eu estou aqui também como uma espécie de multifunções na emissão, isto porque tanto dou informação, apresento programas, gravo publicidade, entre outras coisas. Mas no fundo, aquilo que lhes quero passar e temos muitos dos ouvintes sozinhos. Há muitas pessoas que vivem sozinhas e que ao longo do dia só falam connosco, só falam para a rádio.

Há muitas conversas que não vão para o ar. Antes de os levar para a antena, quando eu vejo que há um ouvinte que está um pouco mais em baixo, tento deixar uma palavra de esperança, de positivismo, no sentido em que se o dia de hoje não está a correr bem, amanhã será melhor.

Portanto, deste lado eu tento passar àqueles que estão um pouco mais em baixo, boa disposição. Na parte dos discos-pedidos, na qual estou em maior contacto com os ouvintes, há de vez em quando uma gargalhada. Depois há um ouvinte que vem mais bem disposto e tenta animar o outro. E nós aqui vamos fazendo o nosso trabalho com o maior profissionalismo que sabemos, mas também com alguma animação e eu até acho que o dia-a-dia da rádio tem de ser mesmo assim. Com uma parte mais séria, mas também com uma parte mais divertida, digamos assim.


Se tivesse de definir o Alentejo numa palavra, qual seria?


A melhor zona do país. A melhor região. Muitas vezes somos tão esquecidos por parte do poder central e há tantas questões neste momento que estão a ser debatidas. Mas eu acho que nós temos uma certa capacidade de resiliência que nos leva a ser capaz de ultrapassar aquilo que de pior temos. E por tanto considero que o Alentejo é das melhores zonas do país. Somos pessoas incríveis e que sabem acolher aqueles que nos visitam.


Comments

Couldn’t Load Comments
It looks like there was a technical problem. Try reconnecting or refreshing the page.
Mantenha-se atualizado

Obrigado pelo seu envio!

  • Ícone do SoundCloud Branco
  • Ícone do Facebook Branco
  • Ícone do Twitter Branco
  • Ícone do Instagram Branco
  • Ícone do Youtube Branco

© 2023 por GENTE COM PAIXÃO. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page