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Sandra Cardoso - A arte de florir a vida dos outros

  • Foto do escritor: Rui Paixão
    Rui Paixão
  • 11 de jul. de 2022
  • 5 min de leitura
Sandra Cardoso abre todos os dias as portas da sua loja para, com muito amor, trabalhar para os outros. Mas nem sempre foi assim. Até chegar aos dias de hoje, foi longo o caminho desta florista.
Estive à conversa com Sandra Cardoso e assim pude conhecer um pouco mais da sua história de vida.


Vamos até à sua infância e perceber como era a Sandra Cardoso quando era pequenina e quais os seus sonhos?


Quando eu era pequenina era muito pacata, sossegadinha, não fazia mal a ninguém e dava-me bem com toda a gente. Quanto aos sonhos, eu queria ser tocadora de guitarra. Não era guitarrista... Era tocadora de guitarra. (risos)

E pronto, como pode perceber, o meu mundo era as artes. A música, a dança, aquelas coisinhas de menina.

E brincava muito nesse sentido?


Sim, andava sempre a tocar com microfones. Para mim, o meu mundo era o dos espetáculos. Tanto que na altura em que andava na escola primária, haviam espetáculos de fim de ano letivo e a Sandra adorava, claro.

Contudo, apesar de gostar de cantar, sempre fui uma pessoa que não gostava de dar nas vistas.




Passou pela escola primária e pelo básico. Como foi o percurso no secundário?


No 10°ano escolho artes porque na altura estava virada para as arquiteturas.

Fiz aqueles testes da psicóloga para ver qual era a minha vertente e rápido percebi que os resultados mostravam que devia seguir uma área ligada às estrelas, constelações e aqueles mundos .

Mas lá está, quando nos fazem as perguntas do que é que tu gostas e do que é que tu não gostas, o meu lado puxava muito pela imaginação e daí estar sempre ligado, ou para as artes, ou para o universo em geral.

Como não havia nada na cidade do género, virei-me mais para as artes, em específico para a arquitetura. Ingressei num curso que não tinha muita gente. Éramos aí uns sete alunos e corria o risco de fechar. Mas entretanto concluímos os estudos.


Houve entrada logo no mercado de trabalho ou optou pelo ensino académico?


Acabando o secundário inscrevi-me na universidade em arquitetura, arquitetura paisagística mais ligada ao campo, e em terceira opção, artes visuais.

Entrei em terceira opção (artes visuais). Os meus colegas estavam todos contentes por ter entrado na primeira opção e a Sandra desiludida, porque entrou na terceira fase e não na primeira, em arquitetura.

Na altura a experiência que tinha tido no secundário era diferente relativamente aos meus colegas que vinham da escola Gabriel Pereira (Évora) e que estavam num nível superior.

Entretanto o meu curso transita para o Bolonha e aí surgem as opções multimédia, designs e as ilustrações. Foi aí que seguimos a parte da multimédia em si.





E após terminar o curso, como é que mudou completamente a sua área e veio parar aqui a este meio?


Terminei a universidade e entretanto fiz uma preparação para ser formadora, porque achava que a multimédia se ensinava só a partir de programas.

Mais tarde, entro para uma loja de roupa na minha cidade natal. Uma loja de roupa onde, sim senhora, tu complementas tudo aquilo que aprendes. Se era aquilo que eu queria? Claro que não.

Então estive um ano parada e posteriormente integrei o espaço internet, através do município de Reguengos de Monsaraz. Acabava por ser muito um trabalho de escritório, de bancada.

Passado um ano, surge uma nova oportunidade na qual me disseram: "Vê lá que estão a precisar de uma rapariga para ajudar na florista!"


Disse que sim e pronto lá fui. Relaciona-se com as artes e a coisa haveria de se adequar. E surpreendi-me pela positiva. Isto porque quando era mais nova a minha avó mandava-me regar as flores e para mim era um sacrifício. Era e é. Ainda hoje detesto. (risos). Nunca gostei da sujidade, de me molhar. Se fosse preciso não brincava para não me sujar.

Mas depois começamos a perceber que o mundo das flores tem muito que se lhe diga. Seja o significado das cores, a própria forma da flor, a maneira como se enquadra, como fazemos os arranjos que são muito geométricos. Só isso acaba por ser muito bom.


Foi fácil o processo até chegar aqui?


Claro que não. Trabalhei quatro ou cinco anos numa outra florista que entretanto fechou. A loja foi me proposta, mas era uma coisa impensável em questões de valores e de ajudas. Mas entretanto as coisas desenrolaram-se de uma forma que me levaram a pensar que não era assim tão difícil.

Começando aos poucos e muito com os pés assentes na terra, percebi que poderia ter o meu próprio negócio. Isto porque sempre fui habituada a fazer horas a mais, a trabalhar até tarde, a darem-me uma tarefa e eu ficar responsável por realizar e criar a mesma de livre vontade.

Então avancei. Na altura tentei pedir aqueles projetos e apoios do desemprego, sendo isso coisas que demoram imenso tempo. E eu não me apetecia esperar esse tempo todo, pois um ano parada neste tipo de indústria e neste tipo de comércio, faz muita diferença.

Foi então que consegui arranjar este espaço, onde tão bem vendo as minhas flores, há mais de dois anos.




Se hoje voltasse atrás e pudesse mudar alguma coisa, o que seria?


Mudava uma oportunidade que talvez surgisse. Não me arrependo das escolhas que fiz até ao dia de hoje. Mas após terminar o curso, recebi um convite do pai de uma amiga minha, para trabalhar na área da multimédia, na Venda do Pinheiro. Foi na altura em que o Big Brother e a Casa dos Segredos estavam em alta. Mas recusei.

Mas de resto, até ao dia de hoje, não mudaria praticamente nada.


Porquê o Alentejo? O que é que a faz querer ser florista nas planícies alentejanas?


O principal é a família. A família está por cá toda e eu acho que não seria capaz de os deixar. Eu tenho a minha florista a 10 quilómetros de casa e já me custa um pouco. Mas este tipo de comércio é muito bom, porque tenho pessoas que chegam aqui à minha loja e me oferecem flores que apanharam no campo.

Na altura do Santo António, tivemos andores de padroeiros das aldeias vizinhas cheios de flores do campo e em que posso aproveitar tudo o que de melhor há, para fazer coisas engraçadas e fora do normal. Dá-me também a possibilidade de chegar a vários públicos.





O que é que o espaço “Sandra Cardoso Florista” tem para oferecer?


Este é um espaço muito diferenciado. Temos muito aquela coisa de tratar todos por tu. Todos são amigos e bem-vindos. Somos muito acolhedores e este é um espaço diferenciado, porque tens a flor para ramos, para arranjos, a flor de corte, de vaso, de interior, de exterior, o artificial. Temos também as flores para casamentos, festas, batizados, o ramo do dia-a-dia, assim como para outras ocasiões.

Mas no geral, tenho a minha simpatia para oferecer, o passar aqui um tempo comigo. Temos gente de fora que chega, pede direções para visitar e acaba por ficar aqui comigo a conhecer o espaço.


E se tivesse de descrever o Alentejo numa palavra.


Se fosse numa palavra seria mesmo campo. Alegria. Calor. Já disse muitas (risos). Mas o Alentejo é isto, é o nosso coraçãozinho, é família.

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